Thursday, May 07, 2009

 
Mania da Dúvida
Tudo para mim é um duvidar
Com a normalidade sempre em cisão,
E o seu incessante perguntar
Cansa meu coração.
As coisas são e parecem e o nada sustém
O segredo da vida que contém.
A presença de tudo sempre perguntando
Coisas de angústia premente,
Em terrível hesitação experimentando
A minha mente. É falsa a verdade? Qual o seu aparentar
Já que tudo são sonhos e tudo é sonhar?
Perante o mistério vacila a vontade
Em luta dividida dentro do pensar,
E a Razão cede, qual cobarde,
No encontrar Mais do que as coisas em si revelam ser,
Mas que elas, por si só, não deixam ver.

Ana Paula

Tuesday, June 10, 2008

 
AUSÊNCIA
Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua
Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência
é mais funda do que a tua.

Sophia de Mello Breyner Andresen

A ausência pode levar à saudade e para isso bastam coisas tão simples como o cheiro, uma música, um lugar, um livro, um jornal...Mas será mesmo que nos acostumamos à saudade ou apenas nos acomodamos a ela?
A saudade pode atenuar-se mas não desaparece...deixa o vazio...deixa bancos abandonados à espera de serem ocupados...com amores ou lembranças...,
Minimamente, a ausência pode provocar saudades, no máximo, pode fazer com que nos acostumemos a ela.

Sunday, January 21, 2007

 

TUDO É RELATIVO

Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a for é apenas flor


Alberto Caeiro

Friday, December 29, 2006

 

Magia e encantamento

Fim de ano...principio de um novo ano...balanços de vida...
lições de vida a retirar de histórias vividas...encantos e desencantos...
No dia a dia VIVENCIO PROFUNDAMENTE TANTAS HISTÓRIAS DE DESENCANTO...empresas que fecham...empregos que deixam de existir....pedaços de sobrevivencia....palavras mágicas desconexas...reconversão...qualificação...novas competências...produtos mágicos de uma sociedade desencantada...
Experiencio todos os dias a perda da magia do encantamento com a vida...
c omo posso transmitir algum encantamento a quem me procura?
Não se me afigura fácil falar de encantamento numa sociedade desencantada, que sofre a ausencia de uma vida dotada de poesia (C prescreveu-ma para 2007) de fantasia sólida e profunda (N presenteia- me com ela muitas vezes, fazendo-me sorrir)
O que é central no mundo hardware, hardworking, flexiseguro, dos desencantandos tem pouco ou nenhum lugar no que é importante para a magia do dia a dia.
Um dia acreditei e participei vivamente (embora de forma discreta) de um projecto cuja máxima (dizia-se ao rubro) era a não existência de um conflito essencial entre uma vida encantada e a actividade produtiva e prática;
Pensava eu...acreditava... que ambas se podiam servir mutuamente: uma deliciando o espirito da ambição, a outra oferecendo conforto ao coração. Mas meus amigos é dificil..deverás dificil... os interesses individuais sobrepoem-se de forma obscena...
O encantamento é uma ascendencia da alma, que só alguns conseguem desenvolver, condição de equilibrio com os amigos, familia, colegas, directores. MAS os principios do encantamento começam a opor-se aos da modernidade.
Preciso, por isso, meus amigos de me encantar convosco... preciso da vossa magia ... aura de fantasia e de emoção que uma vez no coração o perturba ou leva ao extase e delirio.
Tenho uma necessidade absoluta e inexoravel de me encantar ...que a minha imaginação seja galvanizada por um estado de enlevo em que a alma se eleva ao primeiro plano e as preocupações prosaicas de sobrevivencia passem para segundo plano.
Em 2007 gostaria de participar de sociedade mais justa..com mais encantamento...
Não me deixem perder a esperança

(Procura-se magia e encantamento)

Thursday, December 28, 2006

 

A emoção dos Natais

Quando enfim eu nasci minha mãe embrulhou-me num manto
Me vestiu como se fosse assim uma espécie de santo
Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher
Me ninava cantando cantigas de cabaré
Minha mãe não tardou a lertar toda a vizinhança
A mostrar que ali estava bem mais que uma simples criança
E não sei bem se por ironia ou se por amor
Resolveu me chamar com o nome do Nosso Senhor
Minha história é esse nome que ainda hoje carrego comigo
Quando vou bar em bar, viro a mesa, berro, bebo e brigo
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome
Menino Jesus

Paola Pallottino “Gesùbambino” (tradução e adaptação de Chico Buarque)


Sentidas , emoções, terá sempre o Natal
mesmo que muitas sejam sem sentido.
Todas as manhãs deste ano os sentidos nos acordaram,
gritando o sentido da vida.
Todos os dias nos fatigamos, sentidos,
na correria de viagens consentidas
por caminhos de muitos sentidos,
num rumo (certamente) com sentido..

Sentidas emoções terá sempre o Natal
mesmo que muitas sejam sem sentido.
Saibamos pois sentir
os outros sentidos, as outras emoções, desta data,
entendendo a vida sempre com novos sentidos, novas emoções
e sem ressentimentos…

Espero que descubram o sentido do poema de Paola Pallottino,
e da mesma forma que o Natal pode ser quando se quiser,
possam os homens e as mulheres, todos os dias, ser o menino Jesus.
No Novo Ano sintam e emocionem-se só assim a vida fará sentdio

(EMOÇÕES)

Wednesday, December 20, 2006

 

A emoção de ter um amigo/a

Procura-se um amigo/a

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

Rejubilo de alegria pelos que já tenho...pouco numerosos mas muito muito especiais.
Obrigado pelas emoções que têm permitido viver, farei tudo para vos manter perto de mim...



 

Surpresa

Aguardem por muitas emoções

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